Imagine sua vida como sendo uma dessas balanças de ourives: dois pratos que têm que ser mantidos em equilíbrio para fechar a equação. Num desses pratos, são colocados os desejos. No outro, as repressões.
Desejos são naturais, automáticos, inconscientes. Podemos chamá-los de Id. Repressões são culturais, sociais. Podemos chamá-los de Superego. O equilíbrio necessário é fornecido pelo Ego.
Erick Berne, psicanalista americano, chamava o Id de criança, o Superego de pai e o Ego de adulto e, na sua análise transacional, sustentava que o adulto deveria sobressair aos outros dois, de modo a atingir o equilíbrio.
Falamos de forum interno. Ao equilíbrio interno dá-se o nome de homeostase. Alcaçar a homeostase depende do jogo delicado dos pratos, mas não só disso: costumeiramente, a cada desejo depositado no prato, uma repressão de mesma intensidade é colocada no outro, equilibrando a balança. O trabalho do ego, entretanto, vai provocar, ao longo do tempo, sobrepeso em ambos os lados, e a balança quebra. A quebra da balança joga o sujeito em desesperança ou em terapia, a que vier primeiro.
Na terapia, ele vai aprender que o verdadeiro ego percebe o desejo que deve ser reprimido, e o que deve ser satisfeito, de modo a preservar a balança que, em última instância, é sua própria vida, mas essa equação não está livre das condicionantes sociais que fazem parte da educação do sujeito.
Há os indivíduos onde o Id domina, e há aqueles em que o mais forte é o Superego. E há uns poucos que têm o Ego preservado, negociador, equilibrador.
Há um engano histórico na visão sobre o autista, dentro do prisma da segunda tópica de Freud: acostumados com as descrições comuns dessas crianças, de "pequenos adultos", com sua linguagem típica e sua rigidez de conduta, não percebemos que o forte, neles, é o prato do superego, não o equilíbrio do ego.
Essa constatação direcionou minha teoria e meu traballho na área: fortalecer o Id, ensinar a criança autista e ser menos rígida, sistemática, cumpridora de regras, em suma, ser mais criança vai ajudar a equilibrar a balança, portanto a fortalecer o ego.
Essa é a linha. Nela tento por o trem.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
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Muito boa essa relação, ajuda bastante o entendimento de Freud e sua teoria
ResponderExcluirBoa Noite,
ResponderExcluirOuvimos uma entrevista sua na rádio, falamos com pessoas que já lhe conhecem, gostamos muito de sua linha de raciocinio. Tenho um filho autista de 7 anos, gostaria de saber o nome do livro que o Sr mencionou em sua entrevista sobre o Bill Gattes a respeito dele ser tbém autista, comentado pelo pai do mesmo